Numa época em que se supunha que o
cinema avançava sem temer para a era do 3D, o “The Artist” vem deixar a dúvida
no ar.
Michel Hazanavicius,
realizador da película, optou por maravilhar aqueles que nasceram noutra era ao fazer regressar às salas um filme mudo. Uma ode ao que a Sétima Arte já foi, mas que não é mais.
Para uns pode ter-se revelado
o encanto por este género cinematográfico, para outros pode apenas ter voltado
a nostalgia da chamada “Era de Ouro do Cinema”.
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"The Artist" |
Para uns e para
outros, aqui ficam boas razões para se revisitar os clássicos do cinema mundial:
1. A falta de avanços
tecnológicos de algumas câmaras limita a qualidade de imagem, o que
efectivamente lhe dá um ar antigo. E isso é mau? Não de todo. (Ex: "Casablanca", 1942)
2. Por outro lado, os
meios que se dispunham na época foram os suficientes para certos realizadores
nos surpreenderem com imagens à “frente do seu tempo”. (Ex: "2001: A Space Odyssey", 1968)
3. Quando um filme é a
preto e branco permite-nos olhar de outra forma para a fotografia: reparar em
pormenores, comparar os cenários e as prestações dos actores. (Ex: "Psycho", 1960)
4. Por sua vez, se o
filme for a cores existe uma espécie de estratagema para que certos aspectos
sejam realçados. (Ex. "A Clockwork Orange",
1971)
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"A Clockwork Orange" |
5. Para aqueles que
cresceram com os clássicos da Disney
a aproximação de certos filmes a estes géneros fantásticos é um ponto forte. As
histórias da “Cinderela” ou do “Patinho Feio”, entre outras, podem ser vistas
como analogias para certas personagens. (Ex: "Sabrina", 1954)
6. Quanto aos actores,
existe um aspecto semelhante em todos eles: o charme. Em primor da beleza os
actores clássicos eram charmosos. Repletos de elegância. Verdadeiros galãs. (Ex:
Marlon Brando em "A Streetcar Named Desire",
1951)
7. Já as senhoras eram
caracterizadas como princesas. Cheias de romantismo, humor ou drama. Mas todas
elas belas, puras divas. (Ex: Katharine
Hepburn em "Bringing Up Baby", 1938)
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"Bringing Up Baby" |
8. Nas suas prestações,
pode notar-se a forma distinta com que se dão os diálogos. Actores e actrizes
falam de um modo mais pausado, mais carismático, vincadamente num tom grave ou
agudo. (Ex: "Chinatown", 1974)
9. No cinema mudo, onde
não há diálogos, priva-se por um cinema “físico”. A essência reside não no que
se diz, mas sim no que se interpreta tendo em conta expressões faciais e
corporais. (Ex: "Modern Times", 1936)
10. Pelos cinemas foram
rodados mais de mil e um beijos. Contudo, nunca um beijo foi tão intenso como
nesta época. (Ex: "Gone with the Wind",
1939)
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"Gone with the Wind" |