26.1.12

Guta Naki–uma impressão

É dia 19 de Janeiro de 2012, estou no Vinyl e até eu gostava de cantar os Blues. Tenho de ser honesta, é para isso que escrevo e é para isso que vocês lêem – espero eu. Não conhecia Guta Naki sem ser de uns vídeos que uma ouvinte de música de haute-qualité, que respeito bastante, me tinha mandado há uns tempos.

A voz de Cátia Pereira: um binómio de força e intimismo, arrepios. O baixo (Dinis), o piano e a guitarra eléctrica (Nuno) tanto nos mandam para o canto do quarto fechar os olhos e mergulhar no nosso buraco negro, como nos empurram sem perdão para a selva ser arranhado pelas urtigas em estado de transe. É uma sonoridade crua, sem dúvida. Tanto é um hino ao desconhecido, como uma viagem inconsequente aos nossos terrores sempre com a pop e o fado lá ao fundo. Se Tarantino tivesse estado no Vinyl tinha roubado umas músicas para uma próxima banda sonora.

Aprendi que ‘Margarida’ antes de ser uma música da Cristina Branco com o Jorge Palma, era um poema de Álvaro de Campos. Aparentemente, os Guta Naki, descobriram-na aleatoriamente sem saber das manhas da Cristina, do Jorge e do Laginha. E ainda bem que não sabiam porque o que fizeram está épico (só por ter um arco de violino na guitarra eléctrica, já o era; mas a composição está…oiçam).

Cantam em português, inglês espanhol e crioulo. As letras são escritas com o cuidado de quem quer deixar cicatriz no ouvinte. E que boas são as cicatrizes que me deixaram.

Cristina Almeida


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